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JUL
17
17 JUL 2025
EDUCAÇÃO
SAÚDE
TRANSPORTE E TRÂNSITO
A antena que protege: TransCon reforça campanha contra cerol nas ruas
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Equipamento simples pode evitar mortes; ação gratuita distribuiu 364 antenas em três regiões da cidade

A TransCon promoveu, nos dias 2, 4 e 9 de julho, mais uma edição da campanha “Motociclista Antenado Evita Acidente”. A ação integra a Semana Nacional de Prevenção de Sinistros com Motociclistas e teve como foco a prevenção de acidentes provocados por linhas com cerol e linha chilena, especialmente comuns durante o período de férias escolares.

Ao todo, foram 238 motociclistas atendidos e 364 antenas corta-pipa instaladas em motos, gratuitamente. As blitzes educativas ocorreram nas avenidas Francisco Firmo de Matos (Riacho), Severino Ballesteros (Ressaca) e LMG-808 (Sede). A ação foi coordenada pela Gerência de Educação para a Mobilidade da TransCon.

O equipamento instalado é simples, mas salva vidas. As antenas corta-pipa evitam ferimentos no pescoço, tórax e braços — regiões vulneráveis a linhas cortantes quase invisíveis a olho humano. O risco é silencioso, mas letal.
“Nosso ideal é chegar a zero acidentes com cerol. Até lá, é preciso agir, educar e proteger quem está nas ruas todos os dias”, disse Mariele Santos, diretora de Operações e Educação de Trânsito da TransCon.

Além da instalação das antenas, os agentes levaram orientações sobre o uso correto de equipamentos de proteção e comportamento seguro no trânsito. Segundo a gerente de Educação da TransCon, Quênia Patrícia, a campanha vai além da informação: é uma conversa direta com quem enfrenta os riscos diariamente.

“O mais importante é o diálogo com os motociclistas. Escutamos, acolhemos e reforçamos que atenção, responsabilidade e autocuidado salvam vidas. A educação transforma comportamento e constrói um trânsito mais seguro para todos”, afirmou.

Durante as blitzes, além de passar orientações, equipes da TransCon instalaram antenas em motos e bicicletas - Fotos: Sheila Moreno/TransCon

 
Cerol é crime, e continua machucando

Apesar de proibido por lei, o cerol ainda é amplamente usado. A linha chilena, versão ainda mais cortante, amplia os riscos para motociclistas, ciclistas e pedestres.

Dados da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) revelam que, nos últimos cinco anos, 142 pessoas foram atendidas no Hospital João XXIII por acidentes graves com linhas cortantes. Apenas no primeiro semestre de 2025, foram 10 vítimas, no entanto o número que pode ser bem maior, já que o hospital recebe somente casos graves e a maioria dos atendimentos é realizada em unidades de pronto atendimento – UPAs.

Segundo Marcelo Félix da Silva, diretor do Samu da microrregião de Contagem, os atendimentos relacionados ao uso de cerol continuam acontecendo e preocupam.

“Em 2024, registramos dois atendimentos envolvendo acidentes causados por linha de cerol ou linha chilena. E, apenas no primeiro semestre de 2025, já contabilizamos três ocorrências com as mesmas características.

Reiteramos a relevância da pauta, sobretudo no que diz respeito à conscientização sobre os riscos associados ao uso dessas linhas e à importância da instalação de antenas corta-pipa como medida preventiva”, afirmou o diretor.

“Tem que ter antena. É muito perigoso”

O instrutor de moto escola Cláudio Reis sabe do que fala. “Estava com o capacete semiaberto quando a linha entrou pela viseira, cortou as laterais do capacete e feriu meu nariz. Foi por pouco”, relata. “Já vi uma aluna se machucar na pista. Tem que usar antena”, afirma.

A também instrutora Arister Eliamar confirma: “É tema obrigatório nas aulas. Eu falo com todos os alunos: a antena é fundamental”.

Motoboys que participaram da ação reforçaram o alerta. Moisés Evangelista trafegava devagar pelo bairro Palmeiras, em Belo Horizonte, quando uma linha chilena atingiu seu pescoço. “Se eu estivesse rápido, tinha morrido. A linha não arrebenta nem a pau. A antena me salvou”, comemora.

Edilson Pedro de Freitas soube da ação pela rádio e correu até a blitz para garantir a instalação da antena. “Fiquei muito feliz e agradecido pela campanha”, afirmou. O que mostra também a importância da adesão dos meios de comunicação na divulgação das ações de educação e repressão contra o uso do cerol.

Uma vida por um fio

Essa não é uma história com linha de cerol, mas uma antena poderia ter evitado muita dor ao motoboy Marcos

Era para ser apenas mais uma entrega, como tantas outras que fez em duas décadas de profissão. Mas, naquele domingo, às 19h, ao passar pela avenida Francisco Firmo de Matos, em Contagem, o motoboy Marcos José dos Santos, então com 37 anos, foi surpreendido por um fio de telefone solto e pendurado, à altura do pescoço.

O impacto foi tão violento que quebrou sua traqueia. Marcos passou 56 dias internado, 11 deles em coma, e quase um ano afastado do trabalho. Fez cinco cirurgias e ainda faltam duas. Por isso, ainda convive com as dificuldades de uma traqueostomia. Hoje, aos 40 anos, tenta retomar a vida, mas com marcas visíveis e profundas.

Durante todo o processo de recuperação, foi a mãe, aposentada, que, na época ainda estava viva, cuidou dele.

“O mais triste”, diz ele, “é pensar que alguém pode ter visto aquele fio solto e não fez nada.”

Se pudesse deixar um recado, seria direto: que as pessoas se preocupem mais umas com as outras, e não só no trânsito, mas na vida. Uma atitude simples poderia ter evitado tanto sofrimento.

O motoboy Marcos sofreu um grave acidente com um fio solto na av. Francisco Firmo de Matos - Foto: Sheila Moreno/TransCon

Antena é lei para mototáxi e motofrete, mas todos deveriam usar

Segundo o artigo 139-A do Código de Trânsito Brasileiro e a Resolução 943/2022 do Contran, a antena corta-pipa é obrigatória para motos utilizadas em transporte remunerado de passageiros (mototáxi) e de cargas (motofrete). O equipamento deve ser fixado no guidom.

A diretora Mariele reforça: “Independentemente da obrigatoriedade, o mais importante é proteger vidas. A antena deve ser usada por todos. E quem participa da ação recebe o item gratuitamente, instalado ali na hora”.

Cerol é crime, e tem punição pesada

A Lei Estadual nº 23.515/2019 proíbe a fabricação, comercialização e uso de cerol e similares. A multa pode chegar a R$ 5.531,00 e, em caso de reincidência, ultrapassar R$ 276 mil. Se o uso causar danos a pessoas ou ao patrimônio, o infrator responde civil e criminalmente. Quando o infrator for menor de idade, os responsáveis são notificados, e o caso vai ao Conselho Tutelar.

A Guarda Municipal de Contagem tem feito um trabalho efetivo para coibir o uso das linhas. De acordo com a Secretaria Municipal de Defesa Social (Seds), no ano de 2022 foram apreendidos 137 carretéis de linhas com cerol. No ano passado, houve três registros envolvendo cerol, além do recolhimento de várias linhas chilenas na região do Nacional, em maio de 2024.

Eles explicam que os animais também sofrem com os ferimentos. Foram registradas duas capturas de animais silvestres com lesões causadas por linha chilena ou com cerol, em março e junho de 2024.

Cerol não é brincadeira. Denuncie.

Flagrantes de comercialização ou uso de linhas cortantes devem ser denunciados imediatamente pelo telefone 190 (PM) ou pelo Disque Denúncia 181.

A denúncia é anônima, e pode salvar uma vida.
Autor: Jornalista Sheila Moreno
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