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Com empatia, atenção e escolhas conscientes, é possível transformar o trânsito em um espaço de cuidado e respeito à vida.

Em Contagem, esse caminho já começou a ser trilhado. De maio de 2024 a maio de 2025, as ações educativas e preventivas da Transcon impactaram diretamente mais de 7 mil pessoas — entre estudantes, motoristas, motociclistas, pedestres e ciclistas. Esse número é ainda maior quando se considera o alcance indireto em escolas, famílias e redes sociais.

Apesar dos desafios, os dados mostram que investir em educação para o trânsito, estratégias de prevenção e diálogo com a população faz diferença. No período de um ano, foram registrados 1.372 sinistros viários na cidade, sendo 578 com vítimas e 26 com óbitos. Cada vida perdida representa uma dor irreparável. Cada escolha segura pode ser o motivo de alguém voltar para casa em paz.

“Temos trabalhado todos os dias para que esses números diminuam. E já vemos os frutos: mais pessoas conscientes, ações mais integradas e um olhar mais humano sobre a mobilidade. É isso que buscamos todos os dias”, afirma Rodrigo Tomaz, presidente da Transcon.

Educação como ferramenta de transformação

O trânsito é feito por pessoas — e nelas está o maior potencial de mudança. Ao longo do ano, a Transcon desenvolveu ações voltadas à formação cidadã e ao fortalecimento de uma cultura de paz nas ruas. Palestras em empresas, ações em portas de escolas, blitzes educativas, distribuição de materiais informativos, diálogo com motociclistas e parcerias com instituições públicas e privadas formam a base de um trabalho contínuo, que vai além do Maio Amarelo.

A diretora de Operações e Educação para o Trânsito, Mariele Santos, explica que as campanhas seguem um cronograma anual, alinhado às diretrizes do Contran, mas são adaptadas à realidade local.

Ela destaca a importância do trabalho com o público infantil como estratégia de formação desde cedo. “As crianças absorvem e replicam o que aprendem, mas a responsabilidade por um trânsito seguro é dos adultos. Nosso compromisso é reforçar comportamentos responsáveis em todas as faixas etárias, com ações que vão além das campanhas sazonais”, diz Mariele.

Prevenção na prática: ações que protegem vidas

Entre as iniciativas com maior adesão está a instalação gratuita de antenas corta-pipas em motocicletas e bicicletas. De maio de 2024 até agora, foram feitas 416 instalações — uma medida simples, mas que pode salvar vidas. Durante as blitzes educativas, motociclistas compartilham relatos que reforçam a importância da proteção.

Marco Antônio Silva teve o pescoço ferido por uma linha com cerol. “Eu estava na BR indo para Sete Lagoas quando a linha pegou no meu pescoço. Não tinha antena. Senti um calor e depois o sangue. Felizmente foi superficial, mas poderia ter sido fatal. Quando vi a equipe instalando as antenas, corri para colocar a minha. Isso salva vidas”, relata.

Resposta rápida também salva

A atuação preventiva da Transcon também envolve monitoramento e resposta operacional. Rondas diárias, intervenções em pontos críticos e apoio a eventos que impactam a mobilidade fazem parte da rotina. A comunicação com secretarias e concessionárias garante alinhamento em obras e ações que interferem no trânsito da cidade.

Quando o acidente acontece, todos sentem

Mesmo com tantos esforços, algumas histórias ainda marcam pela dor. Sheila Marta perdeu o irmão, Marcos Afonso, 45, em dezembro de 2023. Casado e pai de dois filhos, ele era engenheiro mecânico recém-formado e pilotava sua moto após o trabalho, a caminho da Serra do Cipó, quando foi vítima de um acidente fatal.

Segundo o boletim de ocorrência, Marcos foi atingido por um caminhão ao fazer uma curva. Foi arrastado por alguns metros e, em seguida, atropelado. O documento aponta ainda que ele usava fones de ouvido e estava sem dormir, fatores que podem ter contribuído para a perda de atenção no trânsito.

O uso de fones de ouvido por condutores é proibido pelo artigo 252, inciso VI, do Código de Trânsito Brasileiro. A infração é considerada média, com multa e perda de pontos na carteira. A legislação busca reduzir distrações que comprometam a percepção de sons do ambiente, como buzinas e sirenes.

“A dor da perda nunca passa, a gente só aprende a conviver. Ele tinha uma vida toda pela frente. Fico pensando por que ele não descansou antes de sair. Mas essa resposta nunca vai chegar. O que eu posso dizer é que, no trânsito, o mais importante é a vida”, afirma Sheila.

No Hospital Municipal de Contagem e nas UPAs, as consequências também se revelam em atendimentos complexos. O gerente da linha de urgência e emergência do HMC, Dr. Marcus Rosa, explica que o número de vítimas de acidentes de trânsito segue alto. “Esses acidentes resultam em diversos tipos de lesões, de escoriações e fraturas a traumatismos cranianos e, em casos mais graves, podem levar à morte. Muitas dessas ocorrências poderiam ser evitadas com mais prudência, principalmente com o respeito às leis de trânsito.”

Um compromisso de todos

O Maio Amarelo de 2025 não é apenas uma campanha. É um chamado à consciência. O tema deste ano, “Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana”, convida condutores, pedestres, ciclistas e gestores públicos a assumirem um papel ativo na construção de um trânsito mais seguro e empático.

Com ações permanentes de educação e prevenção, Contagem mostra que é possível enfrentar os desafios da mobilidade com responsabilidade e humanidade.

O serralheiro Kelton Rocha Moreira, de 32 anos, que complementa a renda como motoboy, recentemente, sofreu uma fratura grave no joelho após um incidente causado pelo carona. O acidente ocorreu durante a subida de uma ladeira. Ao perder momentaneamente o equilíbrio, o carona pulou da motocicleta em movimento, provocando a queda do veículo sobre a perna de Kelton.

Internado no Hospital Municipal de Contagem, ele aguarda cirurgia. “É preciso mais prudência. Quem anda de moto tem que saber quem leva na garupa, saber se a pessoa sabe andar, ensinar. Porque qualquer vacilo pode levar a uma lesão igual à minha. O trânsito não é para qualquer um”, alerta.

Para além de maio, um pacto pela vida

Tomaz deixa um alerta e reforça que o trânsito é uma extensão da convivência. Para ele, conviver exige cuidado, escuta, empatia e responsabilidade. Por isso, afirma que as ações da Transcon não se limitam a campanhas pontuais, mas integram um compromisso diário com a segurança, a educação e, sobretudo, com a vida.

“O Maio Amarelo é simbólico, mas o seu espírito precisa atravessar os meses. Preservar vidas é uma escolha que se faz todos os dias. E é isso que move o trabalho da Transcon: transformar ruas e avenidas em caminhos mais seguros, humanos e solidários — hoje, amanhã e sempre”, conclui.